sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Conceitos e domínios da linguagem Plástica


Elementos estruturantes da linguagem plástica
Ponto e a linha  
Um ponto geométrico não é definível; não tem dimensões, não tem largura nem comprimento é apenas um conceito abstracto.
Materializado numa forma apenas quando se torna plasticamente visível através da pressão exercida na folha com o bico do lápis, ou qualquer outro material riscador; movendo através do espaço desenhamos linhas.
O conceito de linha pontual, gerada por  ponto em movimento , nasceu o âmbito da geometria, no séc.XVIII, que  considerava  que a linha era constituída por um número infinito de pontos. No séc. XIX, surgiu  o concito de linha gerada por um movimento de outra, caso de uma circunferência, gerada por uma recta que gira em torno de um ponto fixo, ou de uma recta, gerada por um a circunferência que roda.
No Desenho é importante considerar a linha como uma trajectória, percurso ou caminho; aquele ponto em movimento é uma metáfora do nosso raciocínio que regista uma linha de pensamento.



Estudos de mãos, Hans Holbein o jovem, 1536


A  linha no desenho
No sistema codificado da visão , os perfis e os contornos dos objectos são esquematizados como formas lineares. Ou seja; aquele que desenha traça linhas no suporte, mediante as quais exprime um sentimento, define uma forma , ou traduz pelo desenho um objecto percepcionado sobre o qual recai o seu pensamento.

As linhas de contorno 
Quando desenhamos transformamos em linhas a percepção dos contornos . Desenhamos de forma que nos nossos traços se reconheçam objectos retirados do  real ou do nosso  imaginário. É na configuração e na boa continuidade das linhas que traçamos instintivamente que estas se organizam e criam um alógica para o observador .

A linha utilizada como elemento de recorte gera um contorno permite-nos a percepção da linha como forma alcançando o objecto.


 
Cecily Heron, member of Thomas More’s household, Hans Holbein the Younger (1497/8-1543



Eric Satie, Picasso, lápis s/ papel.1920


Poucos traços.  

A simplicidade da linha em holbein e em Picasso é assombrosa.

O sentido estético duma linha  faz pouca a diferença entre um e outro autor, mesmo quanto separados por séculos de existencia.Faz-nos pensar no Desenho como uma forma Linguagem Universal. Na análise das obras de arte fica patente que os grandes artistas sabem generalizar onde é necessário e detalhar onde é preciso detalhar.

Sente-se a dinâmica  duma linha pela sua rapidez, extensão, carácter,  pressão  á medida que  conduz o nosso olhar através da imagem da mesma maneira que desenhamos sem vacilar, manejando o lápis  no papel, em traços com a intenção de registo rápido, em busca de contornos, e massas. A simplicidade de linha nem sempre se traduz num desenho inacabado. A simplicidade e a mestria com que alguns autores desenham faz com que aos olhos de principiantes pareçam fáceis. A sobriedade de traços, a redução ao essencial exige uma mão verdadeiramente adestrada e hábil para captar com verdade em poucas linhas.



Picasso


Van Gogh




Heinrich Kley (Sec XIX) | Pierre-Paul Prudhon (Sec. XIX)

David Hockney

terça-feira, 26 de outubro de 2010





A história do Desenho - Os Renascentistas

Provável auto retrato de Leonardo da Vinci , cerca de 1512 a 1515.

" De tempos em tempos, o Céu nos envia alguém que não é apenas humano, mas também divino, de modo que através de seu espírito e da superioridade de sua inteligência, possamos atingir o Céu."
                                                                                                                                       Giorgio Vasari




A maioria dos desenhos de Leonardo foram essencialmente analíticos e dotados dum a extrema mestria técnica, pois o seu objectivo era estudar as coisas que desenhava.
Dizia que a linha não existia na natureza, pelo que o perfil devia ser uma zona transição e não de corte . 
Assim,  cria uma linha de transição, atenuada pelas sombras, cores patines e enfraquecimento de porções do traçado. O claro-escuro modela as figuras atenuando a diferença entre as figuras e o espaço onde elas existem.
 Leonardo considerava o desenho essencial para estruturar a pintura, chamava-lhe cosa mentalle . 
Considerava a arte um processo de conhecimento baseado na observação da natureza. Por isso era frequente, dissecar corpos e plantas que desenhava, diz-se que subornava os guardas para à noite entrar nos cemitérios e estudar os órgãos dos corpos.
 Dedicava-se por longos períodos ao estudo de geometria, precursor da perspectiva linear. Investigou a perspectiva da cor, estudando a descoloração causada pela espessura do ar, e a perspectiva aérea, estudando a perda de contornos conforme o aumento da distância.







cabeça de Velho, Aparo sépia
Leonardo di ser Piero da Vinci, nasceu  em 15 de Abril de 1452, no vilarejo de Anchiano na comuna italiana de vinci na Toscana, situada no vale do rio Arno, dentro de um território dominado à época por Florença ., foi um polímato [1]Italiano, uma das figuras mais importantes do Renascimento. Cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor arquitecto, botânico, poeta e músico.O percursor da aviação e da balística. Considerado o arquétipo do homem do Renascimento[2]. Alguém cuja curiosidade insaciável era igualada apenas pela sua capacidade de invenção .
 Era filho ilegítimo de Messer Piero Fruosino di Antonio da Vinci, um notário florentino , Caterina uma camponesa que pode ter sido um aescrava oriunda do oriente médio.Leonardo não tinha um sobrenome no sentido actual , “da Vinci”, significa simplesmente “de Vinci” : o seu nome completo era  Leonardo di ser Piero da Vinci",que significava “Leonardo ( filho ) de (Mes)ser Piero de Vinci .
Leonardo da Vinci assinava seus trabalhos simplesmente como Leonardo ou Io Leonardo ("Eu, Leonardo"); presume-se que ele não usou o nome do pai por causa do estado ilegítimo.
É considerado o maior pintor de todos os tempos ,  como possivelmente a pessoa dotada de talentos diversos em a ter vivido. Segundo a historiadora Helen Garden, a profundidade e alcance de seus interesses não tiveram precedentes e a sua personalidade parecem sobre-humanos para nós, e o homem em si (nos parece misterioso e distante, por isso tantas vezes considerado o maior de génio da história devido.


[1] Um polímata (do grego polymathēs, πολυμαθής, "aquele que aprendeu muito") é uma pessoa cujo conhecimento não está restrito a uma única área. Em termos menos formais, um polímata pode referir-se simplesmente a alguém que detém um grande conhecimento. Muitos dos cientistas antigos foram polímatas pelos padrões atuais.

[2] Os termos do homem renascentista e, menos comumente, do homo universalis (em latim: "homem universal" ou "homem do mundo") estão relacionados e são usados para descrever uma pessoa bem educada ou que se sobressai numa variedade de áreas.[3]Esta idéia se desenvolveu durante a renascença italiana, da noção expressada por um de seus representantes mais conhecidos, Leon Battista Alberti (14041472): que "um homem pode fazer todas as coisas que quiser". Isto incorporou os termos básicos do humanismo renascentista, que considerava o homem forte e ilimitado em suas capacidades, e levou e levou à noção de que as pessoas deveriam abraçar todo o conhecimento e desenvolver suas capacidades ao máximo possível. Ainda, os renascentistas mais talentosos procuraram desenvolver suas habilidades em todas as áreas do conhecimento, no desenvolvimento físico, conquistas sociais e nas artes.

Influência de Verrocchio, 1466–1476

desenho de cabeça de rapariga
Na sua adolescência Leonardo foi fortemente influenciado por duas grandes personalidades da época, Lourenço de Médici e o grande artista Andrea del Verrocchio.
Em 1466, com catorze anos, Leonardo passou a ser aprendiz de um dos mais bem-sucedidos artistas de seu tempo, Andrea di Cione, conhecido como Verrocchio (Olho verdadeiro).[12] O ateliê de Verrocchio estava no centro das correntes intelectuais de Florença, o que garantiu ao jovem Leonardo uma educação nas ciências humanas. Outros pintores famosos que passaram por um aprendizado neste mesmo ateliê foram Ghirlandaio, Perugino, Botticelli e Lorenzo di Credi.[20][23] Leonardo foi exposto desde cedo a uma vasta gama de técnicas, e teve a oportunidade de aprender desenho técnico, química, metalurgia, mecânica, carpintaria, a trabalhar com materiais como couro e metal, fazer moldes, além das técnicas artísticas de desenho, pintura, escultura e modelagem.[24][25][26]
Boa parte da produção de pinturas do ateliê de Verrocchio era feita por seus funcionários. De acordo com Vasari, Leonardo colaborou com Verrocchio em seu O Batismo de Cristo, pintando o jovem anjo da esquerda, que segura a túnica de Jesus de maneira tão superior ao seu próprio mestre que Verrocchio teria decidido nunca mais pintar.[22] Isto provavelmente é um exagero; mas um exame atento da pintura mostra que existem diversos retoques feitos sobre a têmpera utilizando a nova técnica de pintura a óleo, como o cenário, as rochas que podem ser vistas ao fundo e boa parte da figura do próprio Jesus, todas testemunhas da mão de Leonardo.[17]
O próprio Leonardo pode ter sido o modelo para duas obras de Verrocchio, incluindo a estátua de bronze de David, no Bargello, e o Arcanjo em Tobias e o Anjo. Na altura apenas se disse que a estátua de David tinha sido inspirada num dos mais belos aprendizes do atelier de Verrocchio. [17]

Em 1472, com vinte anos de idade, Leonardo se qualificou para o cargo de mestre na Guilda de São Lucas, uma guilda de artistas e doutores em medicina,[nb 11] porém mesmo depois de seu pai ter montado seu próprio ateliê, sua ligação com Verrocchio permaneceu tanta que ele continuou a colaborar com ele.[20] Aos poucos, as pessoas da corte passam a fazer encomendas diretamente a Leonardo. Sua obra mais antiga a ser datada é um desenho em pena e tinta do vale do Arno, feito em 5 de agosto de 1473.[
The Baptism of Christ, Andrea del Verrocchio and Leonardo da Vinci, 1472-1745
            

Desenho de observação do real


 David Hockney - Celia ... - Lápis de cor, Lápis de cor.


David  Hockney - Retrato do pai - tinta da china, 1972




David Hockney - Andy, Paris - Lápis de cor, 1974


Já dizia Saul Steimberg que o desenho é a forma de raciocinar sobre o papel. Desenhar é exercitar a inteligência. Na verdade o desenho não reproduz as coisas que vemos mas traduz a visão que se tem delas. A elaboração de uma obra inicia-se  no momento em que as imagens captadas pelo artista, as formas que compõe a imagem começam a ser traduzidas e ganham uma conotação particular, individualizada.

M. C. Escher

                                                                            hand with refleting sphere
                                                                                                        tree spheres in thumb

O Holandês Maurits Cornelis Escher, (ou M. C. Escher, como é mais conhecido), é primordialmente reconhecido pelo seu incrível talento artístico em misturar elementos de surrealismo com elementos de matemática além de sua incrível técnica em xilografia e litografia. Gostava de trabalhar desenhos com Ilusões de Espaço e Formas, Prédios Impossíveis e Mosaicos Geométricos Infinitos (tessellations).